quinta-feira, 31 de março de 2011

Primeira tentativa

Detesto falar em filme preferido, mas gostaria de citar um dos meus, Tudo Sobre Minha Mãe, do Almodóvar. Assisti pela primeira vez quando tinha 16 anos e pela segunda no ano passado, aos 25. Acho ele todo fantástico, mas sobretudo duas cenas me marcam muito.

1ª. Manoela contando sua história como se fosse de outra pessoa. Estrangeira, casou jovem, não conhecia ninguém, o marido foi pra barcelona, voltou muito tempo depois com "uma par de tetas maior que o dela". Mas apesar do par de tetas o marido não tinha mudado tanto assim, e continuaram juntos. Tinham um bar, o marido ficava lá o dia inteiro "dando pra tudo o que aparecia", em compensação, era só ela colocar uma saia que ele fazia um escândalo. "Como se pode ser machista com um par de tetas como aquele?". A personagem da Penelope Cruz (não lembro o nome) em determinado momento diz algo como "nós mulheres somos muito amorosas", Manoela retruca, "nós mulheres somos idiotas... e um pouco lésbicas".

2ª. Agrado, uma transexual, começa falando que tudo nela é extremamente autêntico e faz piada contando todas as quinze mil cirurgias plásticas que fez. Por fim, insiste que tudo nela é extremamente autêntico, porque nos tornamos mais autênticos à medida que nos aproximamos daquilo que queremos ser. http://www.dalealplay.com/informaciondecontenido.php?con=12509

Ambas as cenas me pegam no fígado, mas a idéia da segunda tem sido um pensamento recorrente nas últimas semanas.

Meu riso tem um corisco, meu peito tem um trovão e meus dois olhos, bandeira.

É necessário perder a mania de sentir vergonha e ser autêntica.